Capítulo 102

Com sete meses, eles já engatinhavam pela casa inteira, falavam na língua deles e já até brigavam por alguma coisa.

Assim que voltei do escritório naquele dia, era assim que eles estavam, no chão brincando e “falando”. Eu não ligava, pelo contrário, pedia para que a babá os deixassem soltos, no chão mesmo, se sujando.

Tomei um banho e troquei de roupa. Liberei Vanessa e coloquei eles em suas cadeirinhas, para comerem.

Eu estava trabalhando na central apenas meio período, de oito a meio dia. Fiz questão de continuar, mas Luan só deixou se fosse desse jeito.

Dizia ele que já se sentia muito ausente para seus filhos e não queria que eu fosse também, ainda com eles bem pequenos.

Eu não o achava ausente, pelo contrário, ele se redobrava para estar sempre por perto e nunca perdia nada de importante que acontecia com eles.

Eles estavam risonhos naquele dia, Maria, que cozinhava, ria junto comigo, enquanto terminava de preparar o feijão com angu para os dois. Que adoravam aquilo.

Eu não era nem um pouco fã, mas Luan também amava, eles puxaram bastante os gostos e manias dele também.

Tive que registrar aquele momento feliz dos dois e postar no instagram, para que as fãs também pudessem ver.

 - Sua cara esses dois... – Maria, comentou.

- Não fala isso pro Luan, se não ele morre! – Rimos.

Naquele mesmo dia, meu humor desapareceu assim que vi uma matéria em um site, dizendo que Luan tinha curtido uma balada depois de seu show.

Isso não é nada demais, eu sei, e nunca me importei dele se divertir, nunca cobrei dele ficar sempre trancado dentro do quarto do hotel, mas sempre falava que queria pelo menos, ele me comunicasse.

No outro dia ele voltou para casa, deu um beijo nos meninos, que brincavam no chão, selou nossos lábios e subiu para tomar um banho.

Eu ainda não tinha esquecido o dia anterior e ele reparou isso, assim que voltou, depois que almoçamos.

- O que você tem? – Ele me olhou, enquanto parava de mudar a TV de canal.

- Tenho motivos para ter alguma coisa? 

- Não...

- Então! – Voltei a olhar para frente.

- Você sabe que eu odeio isso, Sara. Me fala o que aconteceu.

- Queria saber só o motivo de você ter ido ontem para uma balada e não ter me comunicado.

- Ah...E precisava? Tem tempos que eu não vou a uma balada, só queria me divertir com alguns amigos.

- Claro que precisa! Você é meu marido, pai dos meus filhos. Não se esqueça disso!

- Eu não esqueço que sou casado, muito menos que tenho dois filhos. Eu só esqueci de te ligar.

- Se fosse eu, você estaria soltando fogo pela boca.

- Eu só esqueci, Sara! Releva, por favor! Você é diferente, tem nossos filhos.

- Claro! Eu tenho a obrigação de não desgrudar deles, já você...

- De verdade? Eu não quero brigar com você. Eu tô estressado com algumas coisas do escritório, não me tira ainda mais do sério.

- Como quiser, Luan Santana! – Fiz o que ele mais odiava na vida.

Ele bufou e pelos cantos do olhos, pude ver que bagunçava seu cabelo.

Subiu para o quarto e me deixou ali.

No outro dia, acordei e Luan já tomava seu café da manhã.

Estranhei quando olhei no relógio.

- Vai sair? – Perguntei, enquanto me sentava.

- Vou dar uma entrevista e vai ser aqui.

- Aqui? Às nove horas da manhã? E você me diz agora?

- Não é o fim do mundo, eu já tinha avisado a Maria para arrumar a casa.

- Deveria ter me avisado também.

- E você deixa? – Ele me olhou, enquanto bebia seu café.

Resolvi não responder para não aprofundar aquela “conversar“.

Voltei para o meu quarto e tomei um banho rápido, lavei os cabelos e os sequei com o secador. Coloquei uma roupa mais apresentável e fui acordar meus filhos.

Fiquei com pena, mas não queria eles chorando na hora da entrevista, principalmente, Rafael completamente escandaloso.

Com a ajuda de Vanessa, demos um banho, arrumamos e demos comida para os meninos.

Não passou nem dez minutos, depois disso tudo e já tocaram a campainha. Era a equipe do Luan.

Mas não demorou muito para o programa de TV chegar também e uma apresentadora gostosona junto.

Não preciso nem dizer que Luan comeu ela com os olhos. Eu espirava fundo e contava até dez.

A entrevista rolou tranqüila e eu participei bem pouco, filmou meus filhos bem rápido também.

- Então, obrigada, Luan! É só isso mesmo. – A loira, dizia.

- O que é isso. Quando precisar... – Luan sorria e lhe abraçava.

Eu estava sim com ciúmes, mas ele não precisava fazer isso na minha frente, dos nossos filhos e na nossa casa. Não era exagero meu, ele tinha que me respeitar.

- Vamos marcar outra logo, então. – Ela riu.

- Vamos sim! Vamos almoçar?

- Não, temos que ir...

- Ah não! Vamos almoçar aqui sim. Já pedir até pra colocar água no feijão. – Ele sorria.

Eu tinha tanta raiva, parecia que estava tentando seduzir a mulher.

Graças a Deus, mesmo com muita insistência, ela não aceitou almoçar e foi embora com sua equipe. Respirei aliviada e me soltei mais durante o almoço, com as bobeiras que o Rober falava e fazia.

Luan também fazia brincadeiras e sorria, mas bastou todos irem embora, que sua cara fechou novamente.

Assim que os meninos, tiraram o sono da tarde, fui falar com ele.

Resolvi que colocaria tudo pra fora, tudo que estava sentindo.

- Me diz, Luan. O que você tem? Hoje quem te pergunta sou eu. – Me sentei ao seu lado, perto da piscina.

- Por que tá me fazendo essa pergunta?

- Porque anda muito estranho. Sorri perto dos outros, mas quando está comigo, fecha a cara. Dá quase que cantadas na repórter na minha frente e desde que chegou, não me deu nem um beijo de verdade...

- Você está ficando louca! Eu não te dei um beijo direito até agora, porque você começou a arrumar briga sem nexo, nada a ver. Estou chateado com você, por isso não brinco e eu não dei cantadas em ninguém, olha bem o que você está falando.

- Não mente pra você mesmo! Está chateado comigo? Por favor, Luan! Tudo bem, faz o que você quiser, mas só te peço uma coisa. Se você não quiser mais essa vida de pai de família, de marido, por favor , me fala que a gente se separa. Eu não suporto fazer papel de palhaça, eu odeio ser passada pra trás. – Não esperei nem que respondesse.

Me levantei e sai dali.