Capítulo 104

- Tem o perfume bom... – Ele aproximou seu rosto do meu pescoço, mas eu me afastei rápido, não deixando encostar. – O que foi ? Tá com medo?

- Eu te imploro, não faz nada comigo!

- É?- Ele me puxou pela cintura, fazendo meu corpo encostar no dele e minhas lágrimas voltaram a cair.

- Larga ela! – Nunca fiquei tão feliz em escutar um grito.

O homem saiu correndo com as minhas coisas em apenas uma mão e entrou no carona do carro que tinha chegado. Saiu cantando pneu.

- A senhora está bem? – Me virei e vi que era um dos seguranças do estacionamento.

- Nossa...Estou! Nem sei como te agradecer.

- Não precisa! Quando me disseram que uma senhora da festa tinha vindo pegar um táxi aqui, vim correndo, por pensar que não é daqui e não saber do perigo desse lugar há essa hora.

- Não sou mesmo! – Confirmei, enquanto andávamos.

- Cuidado!

- Muito obrigada de novo!

- Vou buscar uma água pra senhora, se sente aqui. – Ele me indicou um banquinho ali no estacionamento e assim eu fiz. – A senhora está acompanhada?

- Nada de senhora... – Ri fraco. – Estou, com meu marido.

- Qual o nome dele?

- Luan...Santana. – Ele assentiu e saiu.

Fiquei ali pensando em o que poderia acontecer comigo, se o rapaz não tivesse chegado. Mas resolvi parar. Sequei minhas lágrimas e logo vi Luan vindo em minha direção, com um copo de água nas mãos.

- O que aconteceu, Sara?

- Eu...Fui assaltada. – Bebi a água.

- Meu Deus! O segurança estava muito nervoso, disse que quando chegou o homem estava te agarrando...

-É verdade! Ele tentou me agarrar.

- Você é doida ou o que? Pegar um táxi em uma rua escura que você nem conhece a cidade direito. – Olhei para ele e voltei a chorar.

- Não queria que brigasse comigo. Eu não sabia do perigo, o ponto é pertinho daqui, pra mim não tinha nada de mais. – Solucei. – Eu fui assaltada quase fui...Estuprada e é assim que você me trata? – O olhei.

- Pelo amor de Deus, não diz uma coisa dessas.

- Mas é a verdade, ele tentou me agarrar.

- Me desculpa? Me desculpa por tudo, não só agora, mas eu peguei pesado com você por alguns dias.

- Muito! – Limpei minhas lágrimas. – Você nem se importou de como eu iria embora.

- Desculpa, desculpa! – Ele me abraçou e colocou minha cabeça em seu peito. – Me desculpa, a culpa disso foi toda minha mesmo. Eu imaginei que tinha falado com o Chico pra te levar. Me arrependo mesmo de tudo que fiz.

Na verdade, me arrependi nesse exato momento que percebi tudo que poderia ter acontecido contigo. Eu não suportaria. Eu te amo muito!

- Eu que te amo muito,mas muito mais que imagina!

- Eu sei que sim! Outra já tinha me largado.

- Eu não sei viver sem você! – Seguei seu rosto.

- Eu também não, meu amor! – Ele sorriu e me beijou.

Nos beijamos com paixão,como há dias não acontecia. – Vamos pro hotel? – Ele disse, sem nem ter desencostado seus lábios dos meus.

Mordi o seu de leve e ele retribuiu. Sorri.

- Vamos! – Sussurrei.

Voltamos para o hotel e matamos a saudade, que já quase nos matava, o resto daquela noite.

No outro dia, tomamos um belo café da manhã na cama.

- Meu Deus...Os meninos! – Me levantei rápido.

- Esqueceu deles, amor? – Luan riu, ainda deitado.

- Esqueci! – Confessei e sai correndo, logo depois de me vestir.

Agradeci muito as meninas e enquanto dava de mama para um de cada vez, contei pra elas o que tinha acontecido na noite passada.

- Não acredito, Sara! Meu Deus, que coisa horrível!

- Não gosto nem de lembrar, Bruna. Nem sei como conto isso pro meu pai e pro Leo.

- Cara! Eu to chocada até agora... – Marla disse.

- Gosto nem de lembrar...

- Vamos mudar de assunto então. – Depois disso, realmente não tocamos mais naquele assunto.

Almoçamos todos juntos no restaurante do hotel e Luan daria uma última entrevista naquela cidade.

- Vai me esperar então, amor? – Ele dizia, enquanto ía em direção a saída.

- Vou sim! – Ele selou nossos lábios e sorriu.

Parei com as fãs, como gostava e elas mimaram o Miguel, no meu colo, como sempre.

Logo Bruna chegou com Rafael e a alegria delas ficou completa.

Conversamos muito ali, Luan já tinha ido embora.

Uma delas me pediu para pegar Miguel, um pouco tímida e eu não pensei duas vezes antes de deixar. Outra mais faladeira, aproveitou o embalo e pediu Rafael, Bruna me olhou e eu assenti.

As crianças passaram no colo de todas, e pareciam se divertirem e gostar da situação.

Depois de quase uma hora ali com elas, nos despedimos.

- Sara...Um presente para eles! – Uma fã me gritou, antes que eu entrasse e eu voltei para buscar os presentes.

Eram duas cuecas, escritas, coisas diferentes, uma verde e uma azul.

- (risos) Adorei! Eles vão usá-las. Obrigada! – Agradeci.

- Pra eles fazerem coleção de cuecas, igual o pai! – Rimos.

Voltamos para o quarto e aquele dia passou rápido. Conversei bastante com as meninas, enquanto comíamos besteiras.

Fomos embora para casa no final da tarde e como já estávamos muito cansados. Caímos na cama e dormimos os quatro juntos.

Acordamos no outro dia bem cedo, pelo menos eu e Miguel. Luan e Rafael, continuavam a dormir. Ri.

Fui tomar café e conversar com Maria. Adorava sua companhia.

- E Rafael? – Ela me perguntou.

- Dormindo com o pai. São iguais em tudo, acertei no nome! – Ri.

- Acertou sim! E que cueca bonita, em Miguel! – Ela brincou e Miguel riu, parecendo entender.

Na verdade, sempre que falavam seu nome ele gargalhava, acho que gostava bastante.

- Foram as fãs do Luan que deram, uma para cada. Nem sei o que está escrito na do Rafael. Ele não quis colocar ontem, pra dormir! – Revirei os olhos. – Ele gosta do pijama que o Luan comprou pra ele.

Peguei Miguel no colo, assim que ele acabou de comer e tirei uma foto da sua cueca, que eu tinha amado.

Subi de novo para o quarto e já da porta, escutei a gargalhada dos dois, que como o previsto, viam um desenho animado na TV.

Deitei com Miguel ali de novo e passamos a melhor manhã, desde que engravidei.

Brincamos, rimos, Luan fazia palhaçada. Era tão bom aquela vida em família.

- Cosquinha na mamãe...Vamos,vamos! – Luan falava, enquanto eles gargalhavam.

Tenho quase certeza que não entendiam nada, mas se jogavam em cima de mim, por apenas ouvirem a palavra “mamãe”.

Eram muito espertos também, pela sua idade, e muito grandes.

- Os três homens da minha vida...É muito, senhor! – Eu beijava as bochechas gostosas deles e dava um selinho em Luan.

- Só não deixa seu pai e Leonardo saberem disso. – Ele disse rindo.

- (risos) Esqueci! Tenho cinco homens no meu pé, meu Deus!