Capítulo 111

Mais um mês se passou e eu queria acreditar que as coisas continuavam as mesmas. Porém, não dava.

Dessa vez, era a minha relação com o Luan. Não que estivéssemos brigando muito, discutindo, pelo contrário, ele não conversava mais comigo como há um mês, ele não contava mais as novidades de cada show que fazia, como antes.

Estava distante e mais frio, mesmo tentando disfarçar isso de todo o jeito.

Chamei Ana para conversar, que já tinha voltado para o Brasil com seu futuro marido, e fomos para minha casa. Precisava desabafar e foi isso que eu fiz.

- Você acha que...

- Não quero nem pensar nisso! – Lhe interromper.

- Então, se pensou o mesmo que eu, sabe do que estou falando.

- É... – Suspirei. – Mas realmente não quero pensar nisso. Sabe amiga, não acredito que o casamento com o homem dos meus sonhos, depois de dois filhos e anos juntos, vai se acabar assim. Eu não estou boa o bastante?

- Para, Sara! Você continua ótima e se ele te deixar, vai ser um burro.

- Eu preferia nossas brigas do que esse silêncio...É horrível! – Comecei a chorar.

- Eu imagino! – Minha amiga sussurrou e me abraçou forte.

Não tive vergonha e deixei que a emoção tomasse conta de mim. Chorando como uma criança.

Não queria perder meu marido, não queria que a minha vida de uma hora para outra desandasse.

Perdi as contas do tempo que ficamos naquele abraço apertado.

Rosana, que já tinha comprado uma casa no condomínio e já tinha se mudado com seu marido, me chamou em um dia da semana qualquer, para jantar com eles e eu aceitei.

Estava precisando esfriar a cabeça.

Os meninos iriam a uma balada, eu deixei sem nem falar muita coisa e eles estranharam. Mesmo sempre reclamando, que já eram quase maior de idade e as vezes eu não os deixavam ir para festas, mas estranharam aquela atitude.

Jantei com eles e como o previsto, eu esqueci tudo. Ri a noite toda das piadas, que Felipe contava. Ainda não conhecia seu lado brincalhão.

Voltei para casa, e para minha infelicidade, quando deitei a cabeça no travesseiro, voltei a pensar em tudo de novo. Me segurei para não dormir em meio a lágrimas.

*

Estava distante, como sempre, sentado no sofá do camarim de mais um show, quando senti um cutucão e despertei de vez.

- Fala, boi... – Falei com Rober, que me olhava estranho.

- Você anda tão estranho, desde que...

- Conheci a Karine?

- Isso. – Ele desviou seu olhar sem jeito.

Karine, era uma moça que eu tinha conhecido no aeroporto há um pouco mais de um mês.

Ela era bonita, simpática e bem mais nova que eu. Não deveria ter vinte e cinco anos.

Eu estava muito confuso, ela se aproximou de mim muito rápido, eu me aproximei dela por impulso e não conseguia mais tirar a garota da cabeça.

- Eu tô confuso! – Suspirei, enquanto passava as mãos nos cabelos.

- Sério? – Ele me olhou assustado.

- Eu não sei o que está havendo, sabe? Eu tenho certeza que amo a Sara, se não, não estaria casado com ela há anos. Mas...Essa garota, ela me atraia, não sei por que...

- Porque ela é nova, bonita, está com tudo em cima e tem o poder de conquistar qualquer homem com seu charme, inclusive você!

- Pode ser isso... – Concordei, mesmo confuso.

- É claro que é isso, Luan. Você só está encantado, sentindo atração...E quando isso passar? A Sara ainda vai está com você? Te esperando ?

- Hã?

- Se você anda em casa, do jeito que tem andado nas viagens, tenho certeza que ela desconfia de algo.

- Mas...Não é pra tanto também.

- Luan! Você anda no mundo da lua, cara! Não brinca mais e quase não fala, esse não é você e a Sara não é burra, e você sabe muito bem disso! Ela pode estar desconfiada de algo sim...

- Mas espera! Estamos falando como se eu tivesse traído ela e isso não aconteceu.

- Ainda, não é? Porque do jeito que essa menina anda te manipulando...

- Ninguém está me manipulando, Roberval. Estou assim porque estou confuso e estou confuso, por minha causa mesmo! – Me irritei. – Chega desse assunto! Não está na hora do show? – Me levantei e ele fez o mesmo.

- Só tô te avisando, porque sou seu amigo de verdade. Toma cuidado! Não troca o certo pelo duvidoso. Você conhece sua esposa há anos, tem filhos com ela, confia plenamente nela. Essa garota é só mais uma em cima de você, que teve em todos esses anos, mas ela, conseguiu te acertar e eu nem sei como e por que. Não conhece ela direito, não sabe se é realmente do bem como ela fala. Não troca uma vida por horas de prazer, ou porque sente atração.

Ela é bonita ? Muito! Mas nem nisso você tem desculpa, porque a sua esposa é muito linda!

- Você falando assim, nem parece que acabou um namoro por traição da sua parte! – Bufei.

- Por isso mesmo...Só levando a pancada uma vez, que você dá valor.

- E quem dava esse conselho pra você antes era eu.

- As coisas mudam! Pensa nisso, pensa quando me disse todas essas coisas também, só que eu não te ouvir e deu no que deu. Mas eu quero que você me ouça. – Ficamos em um tempo em silêncio, enquanto eu bebia água. – Vamos? – Assenti, enquanto ele seguia na frente.

Subi no palco e minha cabeça ficou leve, como num passe de mágica, parei de pensar em todos os meus problemas.

Voltei para o camarim, quando tudo acabou e para minha surpresa, Karine estava lá, sentada no sofá me esperando. Tinha um sorriso lindo no rosto e confesso que me lembrava muito Sara quando lhe conheci.

Voltamos para o hotel juntos, já que ela estava hospedada no mesmo que eu.

Fui para o meu quarto tomar um banho, enquanto ela tomava o dela e depois voltamos para o hall do hotel.

Jantamos a beira da piscina, rindo e conversando coisas engraçadas. Estava ótimo aquele clima.

Na hora de voltarmos para o quarto, confesso que sentia um olhar diferente dela sobre mim, se aproximava demais e eu queria logo me afastar, para não fazer nenhuma besteira.

- Então...Tenho que ir! – Beijei sua bochecha e me afastei dela rápido.

- Estou sem sono...Deixa eu ir para o seu quarto até meu sono chegar? – Estreitei os olhos.

- É que...Bom, acho melhor você ir pro seu mesmo.

- Entendi. – Ela não insistiu mais, já que viu que eu não queria.

Mas também deveria ver que mais um pouco, eu estaria totalmente na dela, fazendo tudo que quisesse.