Capítulo 112

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Os dias foram se passando e aquela situação já não me deixava mais triste e sim com raiva.

Fiquei mais ainda, quando ouvi a conversa do Luan com o Rober no telefone.

 Ele dizia que não estava mais agüentando ficar tão longe de uma garota que tinha conhecido, que ela estava aparecendo até em seus sonhos.

Aquilo foi só a confirmação das minha suspeitas.

Não quis ouvir mais nada e fui para o quarto do Rafael, que não estava em casa.

Chorei como uma criança, mas jurei, que seria a ultima vez.

Liguei para Ana quando escureceu e insisti, até que aceitasse ir em uma balada comigo.

Me arrumei como nunca, com um vestido mais curto. Claro que não estava exagerado, mas tinha tempos que eu não colocava uma roupa daquele tipo.

Ana subiu para o meu quarto, enquanto eu ainda arrumava o cabelo.

- Nossa...Que linda! – Ela me olhou estranho.

- (risos) Gostou? – Girei e ela assentiu.

- Isso não vai dar certo! – Ela negou com a cabeça.

- Que se dane também! – Dei de ombros.

Mesmo já sabendo de tudo, que eu tinha lhe contado, ela não concordava com aquilo.

- Foi um custo o Eduardo me liberar pra ir com você! – Ela revirou os olhos. Ri.

- Nossa, liberar!

- Idiota, forma de dizer! – Rimos.

Descemos as escadas e encontramos, meus filhos e Luan vendo televisão.

- Vai aonde, mãe? – Miguel, foi o primeiro a perguntar.

- Sair, meu amor! – Sorri.

- Assim? Mãe! Pra que lugar? – Rafael, também me olhou estranho.

- Mas meu Deus! Só vou sair...Precisando!

- Por que não falou nada? – Enfim, Luan disse.

- Porque não achei necessário! – Fui fria e grossa.

- Como não? Vocês vão pra alguma festa?

- Digamos que sim...

- Eu vou com vocês então. – Ele se levantou.

- Não! Não precisa, pode ficar ai com seus filhos. – Mais uma vez, três olhares estranhos me encararam.

- Por que não? – Ele me olhou confuso.

- Porque eu quero sair com a minha amiga somente, posso?

- Nossa! Se você quer assim.

- Ótimo! – Mandei beijos para os meninos e saí puxando Ana.

Chegamos a balada e eu queria apenas cumprir o objetivo para aquela noite. Me divertir.

E consegui fazer isso. Dançando, sozinha, com minha amiga, acompanhada e bebendo.

Como nenhum fotógrafo tinha acesso a aquele camarote, me deixei levar e dancei mesmo com vários homens, bem mais novos, que faziam eu me sentir mais desejada e ainda por meninos bem mais novos. Como um banho de autoestima.

Depois de dançar com o terceiro, voltei para perto de Ana que apenas me observava, dizia que não queria beber, para cuidar de mim direito.

- Agora eu entendo o Luan. É muito bom mesmo ser desejada por uma pessoa mais nova, me faz me sentir mais nova, mais bonita... – Gargalhei.

- Olha, já deve ser o efeito da bebida!

- Que nada!

- Vocês tem que conversar, isso sim!

- Eu quero que ele se dane e no dia que for homem o suficiente para vir falar comigo, vou mandar ele pro inferno.

- Sara...Vamos embora! – Ela pagou nossa conta e me arrastou até o carro.

Quando chegamos, todos já haviam ido dormir.

Me troquei no banheiro e me deitei do lado do Luan, que estava de costas para o meu lado da cama.

Coloquei as mãos no rosto e permiti que as lágrimas caíssem. Eu não acreditava no que estava acontecendo.

O álcool também agiu naquele momento e tudo que eu menos queria, aconteceu. Eu dormir chorando e ate pesadelos eu tive.

Acordei tonta, com dor de cabeça e com o rosto e olhos inchados, no outro dia.

Resolvi que teria uma conversa com Luan naquele dia, mas antes mesmo dele acordar, meu celular tocou. Rosana me pedia para ir até sua casa e eu aceitei.

Quando cheguei lá, ela já me abraçou chorando e só depois me contou tudo que estava acontecendo. Ela e Felipe tinham brigado e ele tinha saído de casa.

Ela dizia não ter mais jeito e que iriam se separar.

- Amiga...Calma! Você está grávida!

- É isso mesmo que mais me dói, sabe? Eu lutei tanto por esse filho...Lutamos! E agora acontece isso.

- Não fica assim! Deus sabe o que faz! – Voltei a lhe abraçar.

Aquelas palavras, serviam para mim também e do jeito que eu estava, mais alguns minutos vendo ela chorar, eu choraria também.

Rosana insistiu muito, quase implorou para que eu fosse conversar com Felipe e eu aceitei.

Fui até o endereço que ele estava, um apartamento que ele tinha ali, bem perto do condomínio.

Quando cheguei, não reparei em nada, mas depois, vi que ele estava bebendo e já bem alterado. Tentando conversar, mas de nada adiantou.

Estava me levantando para ir embora, quando ele me surpreendeu com um beijo de surpresa, que eu logo me soltei dele e me afastei confusa.

- Eu tô apaixonado por você, Sara! Por isso não quero mais o meu casamento. – Ele dizia, sem parar.

- Você só pode estar doido! – Eu não estava acreditando. – Melhor, está bêbado!

- A bebida só faz a gente dizer a verdade! Eu comecei a te olhar com outros olhos e não teve jeito...Me apaixonei, mesmo não querendo. – Não respondi mais nada.

Apenas lhe olhei pela última vez e sai dali, mas quando já estava prestes a entrar no elevador, fui surpreendida mais uma vez com ele, que dessa vez, só me deu um selinho e voltou correndo para o seu quarto.

- Meu Deus! Era só o que me faltava! – Eu estava perdida.

Voltei para casa e Rosana me esperava lá. Eu fiquei sem reação, não conseguia mais olhar em seus olhos, estava me sentindo como se estivesse traindo minha amiga, como se a culpa fosse minha, que seu marido se declarou para mim.

Disse apenas que ele estava bêbado e não deu para conversarmos. O que não era nenhuma mentira.

Dei mais uma desculpa de estar com dor de cabeça e ela foi embora triste, me partindo o coração.

Tomei um banho quente e fui dormir.