Capítulo 34

- Está tudo bem com você ? – Ele me perguntava.

- Por que ? – Estava tão na cara assim?

- Você está gelada !

- Nervoso... – Desviei o olhar, ele iria saber que eu estava mentindo.

- Posso pedir para começar a marcha nupcial ? – Ele me fez aquela pergunta, mas parece que já sabia a resposta.

- Pai... – Gemi e meus olhos se encheram de lágrimas.

- Não é isso que você quer, não é ?

- Acho que sim. – Falei baixo.

- Você gosta de outro?

- O que sempre gostei.

- Mas ele...

- Ele me procurou, disse que gosta de mim e acabou com a minha cabeça.

- Olha, faça o que quiser, eu não vou te impedir de nada, mas saiba que isso é trocar o certo pelo duvidoso. O Dudu te ama e esse rapaz? Ele já te fez tão mal...

- Eu também penso assim, mas fala isso pro meu coração.

- Me fala o que quer de verdade?

- Não quero me casar ! – Falei já chorando.

- Então não se case, não quero que se arrependa. Vou te respeitar, mas não te apoiar ! – Suspirei.

- Manda alguém chamar o Dudu ? – E assim ele fez.

Pediu para que o motorista chamasse Eduardo disfarçadamente e se afastou, me deixando sozinha.

- Sara? – Escutei a voz dele e estremeci. Eu não sabia o que dizer.

- Dudu...Eu não posso me casar ! – Aquilo estava doendo em mim.

- O que ? Como assim ? A gente já estava planejando isso, como você fala agora que não pode se casar ? Por que ?

- Eu gosto de outra pessoa.

- É o Luan, não é ? – Abaixei a cabeça e ele entendeu. – Pois saiba que quando ele te fizer sofrer, você não me encontrará mais.

- Eu não sei se vou ficar com ele, só não posso te iludir assim.

- Por que não me disse antes? Por que esperou a data e a hora do casamento pra desistir de tudo? – Ele estava nervoso, mas não falava alto.

- Nem eu sei...Me perdoa ? Eu adoro você, foi o cara mais legal que já conheci. Mas casar é um passo muito grande.

- Eu posso até perdoar você por me deixar aqui com cara de trouxa na frente de todos...

- Me desculpa por isso... – Falei baixo.

- Mas saiba que eu não posso mais olhar pra você...Eu não vou conseguir.

- Eu sei disso. Eu vou sair do estúdio e da sua casa.

- E o Luan...

- Não quero que briguem, por favor.

- Não vou brigar com ele, mas estou com raiva. Com certeza ele te procurou e te manipulou.

- Ele não me manipulou, só meu sentimento que acordou quando vi ele.

- (risos) Está bem, Sara. Eu o conheço e sempre faz de tudo pra ter o que quer. Estou com raiva dele sim e não vai ser você que vai tirar isso do meu coração, que no momento está com mágoa e nojo de vocês, os dois. – Era melhor eu ter escutado um grito dele, que iria me matar, do que aquelas palavras, que partiram meu coração em pedacinhos e só fizeram minhas lágrimas aumentarem. – Sai daqui, antes que eu perca a cabeça ! – Ele falou baixo e com os olhos fechados, antes que explodisse.

Entrei no carro chorando e pedi o motorista pra sair dali o mais rápido possível. Ele me olhava com pena, mas isso era tudo que eu não precisa no momento, já que era a errada.

Eduardo voltou para igreja e disse que não teria mais casamento, o que deixou todos confusos. No fim ele entrou em qualquer canto e chorou como nunca, os convidados estavam perplexos.

- Vocês sabem da Sara? – Minha mãe perguntava Bruna e Ana, que estavam tão assustadas quanto todos.

- Não...A Sara é louca ! – Ana falava.

- Se tiverem alguma notícia me avisem.

- Está bem, tia. – Elas responderam e minha mãe se afastou.

- Você acha que... – Bruna começou.

- Que foi por causa do Luan ? Tenho certeza ! – Ana interrompeu.

- Fala baixo !

Meu celular tocava sem parar, mas eu só conseguia chorar, chorar e chorar.

Já estava acabada por dentro e por fora, rasguei aquele véu com raiva e aquele vestido rodado e gigante estava me incomodando, mas não podia o tirar e ficar pelada.

Por incrível que pareça, não estava com raiva de ninguém, como Luan, que voltou e revirou minha vida. Mas estava com raiva de mim mesma, que só fiz burrada na vida e quando pensei que acertaria, voltei a fazer merda.

Pedi para que o motorista parece o carro na porta de um bar, já estava bem longe da igreja.

Sim, eu queria beber pra espantar os males, mesmo sabendo que era errado, que não adiantaria nada.

Tinham poucos homens no bar, que me olhavam estranho, claro, eu estava vestida de noiva.

- A senhorita não gostaria de ir pra casa? – O motorista, que era um senhor de idade, me perguntava.

- Não...Me espere aqui ! – Ele assentiu com receio.

Comecei a beber sem parar e nem sabia se estava com dinheiro ali. Os homens que estavam no local começaram a debochar de mim, riam e às vezes assobiavam.

- Por que uma noiva tão gostosa está perdida por aqui ? Te largaram no altar, docinho ? – Essa era uma das piadas, mas eu não ligava e continuava o que estava fazendo.

Bebendo e chorando. Meu celular tocou e eu evolvi atender, já que estava me irritando e talvez com notícias minha, eles parecem de me ligar.

- Oi, Ana.

- Sara? Você é louca? Como você faz isso...

- Eu sei que não devia, mas não era isso que meu coração queria... – Eu soluçava.

- Então por que não disse isso antes?

- Eu não sei !

- Amiga...Me desculpa, sei que está mal, mas...

- Eu sei que estou errada, eu sempre sou a errada. Que bom que o Eduardo se livrou de mim mesmo, eu não o mereço. E o Luan ? – Ri de nervoso. – Ele nunca vai ficar comigo...Como eu sou idiota, meu Deus !

- Para de falar besteira !

- Não paro !

- Você está bebendo ? – ela me conhecia bem.

- Não, estou apenas me livrando desse peso na consciência.

- Me fala agora a onde está.

- Eu não quero ninguém me atrapalhando. Tchau ! – Desliguei o celular.

Depois de algumas horas ali, o motorista ainda insistia para eu ir embora, mas eu não dava o braço a torcer. Os homens que estavam ali, se sentaram comigo e eu deixei, não estava em condições de brigar e o álcool já fazia efeito.

Eles pediam mais coisas para eu beber, nomes que nunca ouvi, mas bebia tudo.