Capítulo 37

No outro dia acordei feliz, mesmo sabendo que iria ter que enfrentar a fera do meu pai.

Liguei para minha mãe e disse que já estava seguindo para o endereço de hotel que ela me passou, também chamaria Ana que estava no mesmo hotel, me ajudaria um pouco.

- Já vai, amor ? – Luan falava ainda de olhos fechados.

Sorri com suas palavras.

- Vou sim, meu anjo. Mas depois eu volto, posso?

- Claro que pode, meu amor. Que pergunta ! – Ri, enquanto me aproximava e selava seus lábios. – Boa sorte !

- Vou precisar mesmo.

- Qualquer coisa me liga...Se quiser eu vou com você.

- Não, é melhor ficar aqui. Meu pai não iria gostar muito.

- Tudo bem...Eu te amo !

- Eu te amo mais ! – Ele sorriu e puxou meu rosto pra junto do seu mais uma vez.

Fui o caminho inteiro pensando, iria abrir o jogo de uma vez, falar tudo que queria de verdade, sem mentiras.

Subi para o quarto dos meus pais e na primeira batida minha mãe abriu a porta, Ana já estava lá dentro.

- Bom dia... – Forcei um sorriso.

- Sara...Você sabe que eu não estou feliz com isso, não é ? – Meu pai já foi direto.

- Eu sei, pai. Mas não tem jeito, eu não mando no meu coração. Eu não podia me casar com um homem, sem o amar.

- Por que não disse antes?

- Eu estava confusa...Me desculpem !

- Você deve desculpas a Eduardo e não a mim.

- Eu já pedi ele na porta da igreja e amanhã mesmo vou buscar minhas coisas na sua casa.

- Você vai voltar conosco pra Londrina ? – Minha mãe dizia.

- Não, mãe. Eu não posso, eu já estou adorando São Paulo, não tem condições.

- Não tem condições, Sara? Onde você vai ficar, se não tem mais casa? Onde vai trabalhar se não tem mais emprego?

- Pai...Eu vou alugar um apartamento pequeno, tenho investimentos que dão e vão dar para me sustentar até eu arrumar um emprego bacana.

- Você só me traz problemas...Volta pra Londrina, vamos esquecer isso tudo e voltamos com nossa vida de antes.

- Acontece que eu não quero, pai. Eu não quero voltar a minha vida de antes, porque a de hoje está melhor, não quero voltar pra Londrina, porque eu gosto de São Paulo.

- Você vai ficar com o cantor , não é?

- Ele tem nome, pai. Eu vou ficar com o Luan sim e ninguém vai me impedir ! Eu fiz isso tudo por ele...

- Você é uma burra mesmo, no primeiro rabo de saia ele te larga. – Meus olhos se molharam com aquilo e minha mãe o olhou com cara de reprovação.

- Eu não quero saber, só quero viver ... Eu quero viver o agora, eu quero ser feliz porque é ele que eu amo !

- Tudo bem...Pode ficar, eu vou de ajudar financeiramente até achar um emprego. – Ele disse depois de um tempo. Me surpreendi com suas palavras. – Fica com o cantor, eu não me importo, mas depois não quero te ver chorando em meus braços. – O silêncio reinou ali dentro de novo.

- Que bom que está tudo bem, filha. Pensamos tantas besteiras... – Minha mãe me abraçava.

- Está sim, mamãe. Me desculpe também por preocupá-los.

- O importante é que você está aqui.

- Eu quero te matar, Sara. – Minha amiga, finalmente falou e eu consegui ri.

- Você não estava com ela, não é ? – Minha mãe disse e fez careta, neguei. – Sabia que estava com o Luan, sabia que foi ele que te achou. – Ela sorriu.

- Como sabia?

- Intuição de mãe! – Rimos.

E nos abraçamos às três, quando nos separamos me aproximei do meu pai, que só observava.

- Pai, fica do meu lado?

- Eu sempre vou estar do seu lado, eu posso parecer meio duro com você às vezes, quer dizer, desde pequena eu fui duro com você, mas tenho meus motivos e um deles, é por te amar demais !

- Eu amo muito o senhor, também !  - O abracei forte.

- Tenho um amigo que ta vendendo um apartamento e vou comprar pra você. – Ele disse quando nos separamos.

- Sério ? Não precisa...

- Eu quero te dar esse presente...Você merece.  Vou te ajudar em um emprego também !

- Obrigada demais, papai. – Almoçamos todos juntos naquele dia, estava feliz.

Meu pai disse que Eduardo tinha ido viajar, pra onde iríamos para nossa lua de mel, queria esfriar a cabeça, aquilo me cortou o coração.

Então fui até seu apartamento e juntei todas minhas coisas, peguei um pequeno papel e escrevi um bilhete pra quando voltasse.

“ Não quero que fique triste, ou que desista de achar o amor da sua vida, pelo contrário você merece toda felicidade do mundo !

Me desculpe mais uma vez por tudo que lhe fiz, nunca foi minha intenção te magoar, mas não mandamos no coração. Não quero também que fique com raiva do Luan, porque ele não tem culpa por meu coração ser dele.

Peço que reflita um pouco e que fique tudo bem  com vocês, como antes. Que ele ainda vá muitas vezes a seu estúdio, para produzirem uma música juntos.

Eu espero mesmo de coração que seja muito feliz, você foi o melhor homem que já conheci, com o coração imenso e não me canso de dizer.

Beijos, Sara ! “

Coloquei minha aliança em cima do papel e saí dali com lágrimas nos olhos, mas com a sensação de dever cumprido.

Liguei para Ana e disse para que ela e Bruna me encontrassem no hotel do Luan, era ali que iria ficar, enquanto meu pai via o meu novo apartamento. Falei com ele no telefone, dentro do táxi e ele insistiu para pagar meu hotel, mas não seria justo explorar meu pai daquele jeito, já que pagaria caro em um apartamento e me ajudaria nas despesas até achar um emprego.

Encontrei as meninas no hotel e fomos para o quarto do Luan, ele ainda estava dormindo e acordamos ele com barulho.

- Nossa ! – Ele dizia, se sentando, nos fazendo ri. - Como entraram aqui ? – Nos olhava confuso e com seu rosto inchado.

- Sou sua irmã, esqueceu ? – Bruna disse.

- Ah ! Esqueci... – Rimos, enquanto ela dava “almofadadas” nele.

Comemos ali, vimos um filme de comédia e um de romance, bebemos várias coisas e quando vimos já estava de noite.

- Dorme no hotel da Ana, Bruna. É perigoso ir de táxi sozinha até em casa a essa hora. – Luan dizia, enquanto ela revirava os olhos.

- Você não vem pra casa comigo?

- Não...Faz o que eu to mandando?

- Tá, seu chato ! – Ríamos, enquanto ele fazia careta.

Elas se levantaram e se espreguiçaram, antes de pegarem suas bolsas.

- Não vem, Sara?

- Já vou... – Disse sem jeito e Luan gargalhou.

- Não vai nada, ela vai ficar aqui. Algum problema? – Ele me abraçava de lado.

- Nenhum...Desculpa aí ! – Ela fazia graça. – Fica bem então, cunhada. – Piscou e me deu um beijo no rosto antes de sair.

Fiquei com cara de nada, enquanto as via sair e Luan gargalhava ao meu lado.

Dei um tapa em seu ombro e me levantei, mas fui puxada com tudo por ele e cai em seu colo. 

Recebi um dos melhores beijos da minha vida !