Capítulo 32

No outro dia acordei cedo, junto com o Eduardo, só que eu não iria mais uma vez trabalhar. Iria ver um local para a festa do casamento, já tinha alguns separados, mas naquele dia iria decidir qual seria.

- Semana que vem a gente escolhe os doces. Essa semana eu tô lotado de coisas pra fazer. – Ele me deu um beijo.

- Tudo bem. – Suspirei. – Não me sinto bem em ficar sem ir trabalhar.

- Já conversamos sobre isso, amor. Você está vendo as coisas para o nosso casamento. Depois você volta como antes.

- Está bem. – Fiz bico e ele riu, enquanto selava mais uma vez nossos lábios e depois se foi.

Ainda fiquei confusa com o local, quando fui ver todos e não deixei nada confirmado, teria que ter a opinião de Eduardo, não tinha jeito.

Dalva, a senhora que trabalhava conosco, já estava de saída assim que cheguei e disse que o almoço já estava pronto. Agradeci e me joguei no sofá, não deu nem trinta segundos e a campainha tocou.

- Bruna ? Nossa ! Esqueci que viria. – Ri fraco, enquanto ela entrava.

- Muita coisa na cabeça?

- Um pouco... – Fiz careta, enquanto íamos em direção a cozinha.

Arrumamos nossos pratos e nos sentamos à mesa. Os primeiros segundos foram de silêncio, mas logo ela o quebrou.

- Eu...Queria te perguntar uma coisa mas estou com vergonha.

- (risos) Não precisa...Somos amigas ou não?

- Claro que somos !

- Então ! Comigo não tem essa de vergonha com amiga. – Sorri e ela retribuiu.

- Já existiu alguma coisa entre você e o Luan? – Engasguei com o suco que tomava, mas coisa rápida.

- Hãn...

- Pode falar, juro que não conto pra ninguém.

- Tudo bem ! – Suspirei. – Bruna...Já existiu sim e eu confesso que foi a pior época da minha vida. Foi quando eu e você nos conhecemos, que eu ainda trabalhava pra ele. – Ela me olhou assustada.

- Nossa !

- Mas isso já passou e hoje já nos acertamos. – Sorri.

- Que bom, então. O Luan não é de ficar mal com ninguém. – Lembrei daquelas palavras dele.- E posso me atrever a perguntar por que foi tão ruim assim?

- Foi porque eu queria e ele não.

- Você queria?

- Eu queria ficar com ele. – Soltei de uma vez.

- Entendi. Não entendo o porque ele não queria, você é tão bonita...O tipo dele. – Ri.

- Ele namorava quando eu roubei um beijo e ele sempre odiou esse tipo de coisa, e eu já sabia por ser muito fã...

- Você era fã? – Ela estava surpresa.

- E ainda sou. Mas voltando...Eu sabia disso e mesmo assim roubei o beijo, ele gostava da namorada e depois roubei outro na balada.

- Aquela que fomos?

- Essa mesma...

- Achei estranho você sair daquele jeito.

- Pois é ! – Continuei a comer.

- Vocês dois hoje...

- Não ! De jeito nenhum !

- Me desculpa.

- Não foi nada.

- Hoje ele gosta de você.

- Hã?

- O Luan gosta de você. Ele disse quando estava tirando ele do carro ontem, falava seu nome sem parar e dizia que não podia se casar.

- Tá falando sério?

- Muito ! – O silêncio voltou.

Resolvi não perguntar mais nada, para não confundir ainda mais a minha cabeça.

Comemos a sobremesa e mudamos o assunto. Vimos um filme a tarde e depois Bruna foi embora, dizendo que tinha se divertido muito.

Tomei um banho e fui me deitar pra pensar, aquilo já estava se tornando um vício. Todas as noites eram a mesma coisa. Pensa, pensar e pensar.

O Luan estava acabando com o meu psicológico.

E se eu largo o Eduardo, que me faz tão feliz e a paixão do Luan é de verão ? E se eu fico com o Eduardo e realmente o Luan me ama e fica triste ? Infeliz acho que eu nunca seria com ele, apesar de não amá-lo, ele consegue me fazer sorrir, mesmo estando triste e esse é um dos motivos o qual eu quero ficar com Eduardo.

( ... )

Depois de um mês, eu ainda estava confusa com as palavras de Luan naquele jantar. Nunca mais conversei com ele sobre aquilo, acho que era porque não tínhamos a oportunidade de ficarmos sozinhos. Mas ele sempre me olhava daquela mesma maneira, triste e ao mesmo tempo raivosa.

E ali estava o dia do meu casamento, estava em casa sozinha, esperando Ana e Bruna, que não me deixaram fazer o café da manhã, já que a empregada estava de folga, e fizeram questão de irem buscar em uma padaria do condomínio. Não me deixaram ver Eduardo naquele dia também, e os nossos pais só chegariam mais à tarde.

Levantei-me pra andar pela casa e parei de frente para um espelho. Eu estava horrível, com olheiras gigantes e os cabelos bagunçados. Os cabeleireiros teria muito trabalho. Ri do meu pensamento.

Eu já não sabia mais o que queria da vida e ao contrário de um mês atrás, eu já achava que não poderia ser feliz com um homem que eu não gostava.

Já tinha desabafado com um monte de gente, minha mãe, Ana e fora a Bruna e todas tinham a mesma opinião.

“Se você não gosta dele, você não deve se casar porque não será feliz. Segue o seu coração e não a razão, esquece o que ficou para trás. ”

Eu estava doida, essa era a verdade. Já tinha chorado tanto, a sorte que Eduardo não tinha nem desconfiado...Afinal, ele estava tão feliz, convidando todos seus amigos para sua festa de casamento. Dizendo que tinha encontrado a mulher de sua vida, enquanto minha consciência estava mais pesada que um chumbo de cem quilos.

Saí dos pensamentos com a campainha tocando e saí bufando.

- Já disse pra levarem a chave, Bru... – Parei de falar quando vi que não era Bruna e Ana na porta. – Luan ?

- A gente ... Pode conversar ? – Ele falava com seu jeitinho de sempre.