Capítulo 72

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Depois de um mês na estrada, resolvi que tiraria alguns dias de folga e iria fazer uma viagem com Sara. Nunca tínhamos viajado juntos e estávamos merecendo.

Vi tudo pela Internet e até comprei nossas passagens, não via a hora de voltar para casa e aquilo seria só no final do dia, que passou lentamente, para minha infelicidade.

Cheguei em casa e tomei um banho primeiro, minha mãe me chamou para comer algo e fomos para cozinha, meu pai e minha irmã também comiam.

- Vai na Sara que horas ? – Bruna me perguntou, enquanto eu comia.

- Quando eu acabar de comer, por que ?

- Vou com você.

- Olha o fogo com o irmão da Sara, em !

- Que fogo, o que, Luan ! – Ela fez careta e se levantou, nos fazendo ri.

Ficou me apressando o tempo inteiro e enquanto eu não me levantei daquela mesa, ela não me deixou em paz.

Nos despedimos dos nossos pais e fomos em meu carro, para o apartamento da minha namorada, que não era muito longe dali.

Fui zoando Bruna o caminho inteiro, que só revirava os olhos e ficava em seu celular, fingindo que me ignorava, me fazendo ri.

Assim que chegamos, subimos direto, não éramos anunciados.

Sara jogava vídeo game com seu irmão e se levantava reclamando, quando entramos.

- Amor! Quanto tempo! – Ela me abraçou forte e me beijou.

Sentamos no sofá, enquanto Leonardo desligava o vídeo game.

- Tava perdendo, meu amor ?- Perguntei rindo e ela fez careta.

- E reclamando, como sempre. – Léo falou e nós rimos, menos ela.

Beijei sua bochecha e ficamos conversando.

Minha irmã saiu com seu irmão para comprar algumas coisas na padaria, que ficava ali perto, e a mãe de Sara estava na casa de uma amiga, estávamos sozinhos.

- Amor, a gente vai viajar. – Falei e tirei seu cabelo do olho.

- Sério, amor ? Que tudo ! Adorei, mas eu trabalho.  – Ela fez bico.

- Você vai tirar férias.

- Ah, eles vão falar que eu falto mais que tudo, só porque o patrão é meu namorado.

- E não é ?

- Amor ! – Ri dela.

- Sério, ninguém vai falar nada. Eu já vou avisar o Rafael amanhã, eu que sou o patrão.

- (risos) Seu bobo ! – Ela me beijou gostoso e ficamos ali namorando um pouco.

Matando a saudade, que não era pouca. – Só uma pergunta! – Ela cortou nosso beijo e eu a olhei. – Pra onde vamos ?

- Ah ! Já ia me esquecendo. Eu não ia te falar, mas vou ter pra você ver o que levar.

- Nossa ! Fiquei curiosa agora.

- (risos) Já comprei até nossas passagens.

- Sério ? A onde vamos, amor ?

- Vai ser uma coisa diferente, eu nunca fiz isso mas tenho vontade. Não é nada romântico, já vou deixando claro. – Me expliquei e ri. – Vamos para o parque nacional da Tijuca.

- Tipo uma floresta, no Rio?

- Isso !

- O que vamos fazer lá ? Só caminhar ?

- É, amor . A gente pode acampar, vamos levar comida e eu fiquei sabendo que tem uma cachoeira linda lá.

- Será que isso vai dá certo ? – Ela perguntava com receio.

- Vai sim, meu amor. Vamos ? Prometo que vou te recompensar nas minhas férias com uma viagem bem romântica.

- Mas vai demorar ! – Ela fez bico.

- Vai passar rápido, juro ! Vamos ?

- Vai me recompensar mesmo ?

- (risos) Vou, amor. E você vai gostar também do passeio.

- Eu espero mesmo, não suporto insetos. Eu tenho alergia e fico muito vermelha, sou muito branca. – Ela fez careta, me fazendo ri.

- Vou levar repelente, nenhum bichinho vai te picar, coisinha mimada!

- Tudo bem ! – Ela suspirou. – Eu vou por você, porque não suporto isso!

- Por isso que eu te amo, meu amor.

- Porque faço todas suas vontades, não é ? – Ri e a beijei.

Fomos interrompidos com alguém tossindo, antes mesmo de olhar para porta já sabia que era Bruna. Rimos.

Nos arrumamos no outro dia mesmo e fomos para o Rio de Janeiro. Sara fazia careta às vezes e dizia já está com medo dos insetos, estava na cara que ela não estava gostando muito da viagem, mas eu queria muito fazer uma coisa diferente e depois a levaria a um lugar bem romântico, estava pensando até mesmo fora do país. Eu ria dela.

Fomos para um hotel e deixamos nossas coisas lá, comemos também. Eu não queria, mas todos acharam melhor, pra depois descansarmos e tudo mais, inclusive Sara.

Nos trocamos e mesmo emburrada com sua roupa, ela estava linda demais.

Com um short jeans curto, camisa de botões verde escura, amarrada no umbigo e com uma bota marrom.

- Amor, você não está indo para um desfile de moda.

- Não mesmo, estou horrível ! – Ela se olhou.

- Não está mesmo, arrumada até demais.

- Vamos logo, antes que eu desista, Luan. – Ela pegou sua mochila, da cor de sua blusa, na cama e saiu. Fui logo atrás rindo, assim que peguei a minha também.

Nos deram várias instruções, assim que chegamos e logo começamos a nossa caminhada.

- Isso daqui dá muito medo, não tem ninguém ! – Ela olhava para os lados.

- Hoje é dia de bastante turismo, mas reservei só para nós.

- Eu diria que era romântico isso, se não fosse uma floresta e se eu não estivesse mais assustada ainda, com a questão de estarmos sozinhos aqui.

- (risos) Fica tranqüila ! – Começamos a andar.

Depois de alguns minutos, minha namorada conseguiu se acalmar um pouco e até estava gostando de algumas coisas que via.

Iríamos andar um pouco e depois nosso objetivo seria chegar a uma tal cachoeira, que diziam eles, ser bem linda.

- To com fome e com sede ! – Sara disse, me fazendo parar de andar.

- Já ? Vamos comer, então. – Me abaixei e abri a mochila que carregava.

Sentamos no chão mesmo e começamos a comer, um sanduíche natural que minha mãe tinha feito, acompanhado de um suco de maracujá, do hotel,  que ainda estava gelado, pela garrafa térmica.

- Tá bom ! – Ela disse de boca cheia, me fazendo ri. – Nunca imaginei que encararia um “passeio” desse, só você mesmo. Isso é uma prova de amor. – Ela continuou a comer.

- (risos) Eu acho legal, e também é só dessa vez, fica tranqüila.

- Eu acho bom mesmo. Nem pra você deixar o instrutor vim com a gente.

- Eu já pesquisei tudo na Internet e não queria ninguém atrás de nós.

- A gente não vai fazer nada demais mesmo. – Ela deu de ombros.

- Não sei...Dizem que a cachoeira é ótima!

- Luan ! – Ela disse alto, assim que entendeu o que eu falava.

- Você é lenta, loira.

- O que quer dizer com isso ? – Gargalhei, enquanto ela revirava os olhos.

Voltamos a caminhar depois de alguma tempo e o sol já começava se por.

- O tempo passou rápido. – Eu disse e Sara assentiu.

- Demais !

- Ah, não acredito ! – Parei de andar.

- O que foi, amor ?

- Eu esqueci nossa garrafa ali atrás.

- E agora ?

- Eu vou ir lá buscar, me espera aqui?

- Como assim vai lá ? Você não sabe chegar lá, Luan.

- Sei sim, Sara. – Não sabia muito, mas quis tranqüilizá-la. – Me espera aqui que eu vou mais rápido. – Entreguei sua mochila, já que eu segurava e sair rápido, antes que ela recusasse.

Escutei seu resmungo e podia jurar que estava fazendo um bico enorme.

Consegui chegar onde estávamos, pelas pegadas e achei a garrafa.

Assim que estava voltando, acompanhando mais uma vez minhas pegadas, ouvi um estrondo no céu e a chuva cair. Do nada, parecia que ia cair um mundo em chuva.

Andei mais rápido antes que as pegadas se apagassem e consegui chegar onde estávamos, porém, Sara não estava mais lá.

- Sara ! – Falei alto, mas nada dela. – Sara, se estiver brincando já pode aparecer, começou a chover forte. – Tudo continuava em silêncio. – Sara ! – Dessa vez eu gritei e não obtive resposta de novo.

Não era possível que a Sara tinha sumido, xinguei ela por pensamento, por ter saído dali, mas logo me lembrei da chuva que caia e o quanto minha namorada era medrosa. Me desesperei.