Capítulo 76

*

Voltamos para casa depois de algumas horas de sono. 

Como o combinado, passei em uma farmácia e tomei a injeção, aproveitei para comprar uma cartela de comprimidos também. Iria começar a tomar, para caso de esquecermos a camisinha, o que não era muito raro. 

À noite, Luan me convenceu a ir a um aniversário de um amigo, em uma boate. 

Não estava animada, mas aceitei. Me arrumei :

 E fiquei esperando o meu namorado, que como sempre, chegou atrasado.

Assim que entramos, passei os olhos pelo local, que já estava completamente lotado. Luzes já estavam apagadas e o som já rolava.

- Quer beber alguma coisa, amor ? – Luan me perguntou.

- Quero, sim.

- Vou pegar... – Ele me deu um selinho e saiu, antes mesmo de eu falar o que queria.

Neguei com a cabeça, o vendo se afastar.

Me sentei em uma poltrona, que tinha ali, depois de esperar por quase meia hora. Já estava irritada com aquilo. Não tinha visto nenhum conhecido e o Luan tinha me deixado plantada e sozinha, ainda por cima.

Me levantei bufando e fui a sua procura. Ele não estava mais no bar e nem por perto, o que me fez bufar mais uma vez.

Entrei de novo no meio daquele tumulto e comecei a procurá-lo, mais uma vez, que não teve sucesso. 

Já estava quase indo embora de táxi, de tanta irritação, quando resolvi ir ao banheiro. Quando estava voltando, passei perto de uma sala, que parecia ter poucas pessoas, a porta estava aberta e da porta do banheiro mesmo, já escutei a risada do Luan.

Andei rápido até aquela parte, mas diminui meus passos, quando escutei voz de mulher, desconhecida.

- Então está tudo certo, Luciana? – Era a voz do Rober.

- Só depende do Luan... – Ela riu escandaloso.

- Uai, a Arleyde não disse que eu tô livre ? Então... – Agora era o Luan.

- Então fechou. Vamos fazer uma campanha ótima!

- Vai ser pra onde e pra que revista mesmo ? – Roberval voltou a falar.

- Em uma ilha e pra Caras. Vai ser uma coisa bem natural. Nem precisa se arrumar muito, Luan. Você vai posar só de bermuda. – E mais uma vez, ouvi risadas masculinas, vindo de dentro da sala. 

Deveria ter mais amigos do Luan lá dentro.

- Luan? – Cheguei da porta e ele sorriu pra mim, forcei um sorriso. – Eu tô te procurando há uma hora...

- O Sorocaba que me puxou pra cá, amor. – Ele disse rindo e todos os acompanharam.

Eu continuei forçando meu sorriso.

- Quero ir embora, dor de cabeça. – Fiz a melhor cara de dor que podia.

- Sério, amor ? Já?

- Se você quiser ficar...

- Não! Vou com você. – Ele começou a se despedir de todos e claro, se despediu da mulher, que eu nem fiz questão de ficar olhando muito como era e quem era.

Fomos o caminho inteiro em silêncio. O que ele falava, eu só assentia com a cabeça, colocava a mão em minha perna, mas eu só olhava para janela.

- O que foi, amor? – Ele disse, assim que parou o carro em frente ao meu prédio.

- Nada...Dor, só. – Menti.

- Vamos pro hospital, então...

- Não é pra tanto! – Ele me olhou desconfiado.

- Sério. Me conta...

- Eu to chateada com você. Me deixa sozinha em uma festa, que eu nem conhecia o aniversariante e some...

- Ah...Nossa! Me desculpa, meu amor. Eu não fiz por querer. – Ele estava sendo sincero.

Era desligado demais, mas mesmo assim eu estava chateada.

- E eu nem queria ir nisso. 

- Me desculpa mesmo, de verdade!

- E ainda quando te acho, escuto uma conversa que não me agrada...Que campanha é essa que você vai fazer?

- Você tava escutando?

- Estava! – Revirei os olhos.

- É só umas fotos...

- Com aquela mulher? 

- É...

- De peças íntimas, em uma ilha?

- Não é bem assim, também... – Ele coçou a nuca.

- É como, então?

- Amor...

- E me diz que necessidade tem de você fazer fotos com uma mulher daquelas? É pro seu trabalho?

- Não. – Ele disse com receio.

- É pra quê , então ? – Me estressei.

- Ela pediu a minha assessora, disse que seria bom pra carreira dela.

- Que se dane a carreira dela, Luan. Você tem namorada e não vai fazer essa palhaçada comigo.

- Que palhaçada, Sara? Eu tenho que fazer...

- E eu posso saber por que?

- Porque minha assessora, já confirmou com a moça.

- Pode desconfirmar. Luan, se você fizer isso, eu te mato!

- Você tá muito estressada hoje...

- Estou mesmo. – Cruzei os braços.

- E não era. Te levei lá pra chácara, passamos um dia ótimo...

- Pra você fuder com tudo agora! – Bufei e Luan encostou sua cabeça, no banco.

- Para de drama!

- Não é drama...Quer saber? Experimenta fazer isso pra você ver! – Desci do carro rápido e bati a porta com toda força que consegui.

Com certeza, se ele não estava bravo comigo ainda, tinha ficado por causa daquilo.

No outro dia, fui acordada com Ana em cima de mim, dizendo que estava de folga e poderíamos tirar o dia para falar e comer bobagens.

Fomos para cozinha, comer as panquecas da minha mãe, de café da manhã. Ela tinha saído, mas deixado tudo pronto para nós.

- Que milagre, você aceitar minha proposta, sendo que seu namorado está de folga. – Ela disse rindo.

- Estamos brigados!

- Vishi! Entendi tudo... – Minha amiga riu, mas parou, quando viu minha cara.

- Tô com ódio...

- Quer contar o que aconteceu?

- Não! – Ela concordou, já me conhecia bem.

Fomos para sala e ligamos a tv, enquanto conversávamos.

Meu celular deu alarme de mensagem e eu o peguei.

- Luan... – Revirei os olhos e ela riu. – Amor, me desculpa por ontem ? Eu nunca mais te deixo sozinha em lugar nenhum, me desculpa mesmo e quanto à campanha, eu já desmarquei tudo. Já briguei com a Arleyde até, não vai ter mais nada. Me desculpa ? Te amo ! – Li em voz alta..

- Vai aceitar as desculpas dele ?

- Vou fazer birra um pouco. – Ri, enquanto guardava o celular.

- Sara! Tadinho, cara.

- Shiu ! – Joguei uma almofada nela, que retribuiu.