Capítulo 3

Abrimos um pouco a porta do quarto e eu rezava para que o Luan passasse, por ali. Ouvimos o barulho da porta do elevador se abrindo e ficamos ali, quietinhas.

Escutamos vozes e risos, logo vi que era ele mesmo, com sua risada que eu reconheceria em qualquer lugar, sorri, não prestava a atenção na conversa deles, só em seu sorriso, que me fascinava. Ana fechou a porta rápido, me assustando.

- O que foi?

- Não ouviu?

- O que?

- Meu Deus, Sara. Onde estava? Ah...Deixa! Eles vão comer algo lá em baixo daqui a pouco, vamos lá.

- Não, ta louca?

- Claro que não, vamos lá amiga. Já pensou, você se tornar amiga do seu ídolo? – Ela me olhava animada. Olhei para ela um minuto e por incrível que pareça, aquilo não me fascinou nem um pouco, eu queria sim está perto dele, mas de outro jeito, eu não sabia, ou não queria confessar o “outro jeito”. Mas resolvi ir até o restaurante do hotel, nos trocamos rápido e descemos.

- Está vazio aqui. – Ela dizia.

- O que você quer também ? – Olhei no relógio do meu celular. – São 4:00h. – Fomos até uma mesa e nos sentamos, resolvi fazer um pedido mesmo sem fome, para não ficar chato.

Logo escutamos as vozes novamente, eles chegaram e se sentaram em uma mesa atrás da nossa, acho que não tinha percebido nossa presença ali. Conversavam alto e riam, sem se importar com a hora.

- Queria que ele me visse. – Fiz bico.

- (risos) Vamos chamar a atenção deles.

- Como? Não vai fazer loucura! – Ela revirou os olhos.

- Quem fala, quem vê assim pensa que você nunca fez nenhuma por ele e olha que nem sou fã. – Ri e ela se levantou. Foi atrás do garçom e pediu algo, fiquei a observando, pegou um copo com água e fez a volta, atrás de uma mesa gigante que ficava no centro do restaurante, passando por onde os meninos estavam. Piscou pra mim e quando estava bem próxima deles, que ainda não tinham percebido sua presença, deixou “sem querer” o copo cair, ri da minha amiga, enquanto ela fazia cara de apavorada e conseguia o que queria, todos a olhavam.

- Amiga, me ajuda aqui ! – Ela me chamou alto, fiquei vermelha e me levantei. O garçom disse que estava tudo bem e limpou tudo para ela, olhei para Ana sem saber o que fazer.

- Nega, está por aqui também? – Ana sorriu e eu me virei para ele.

- Estou hospedada aqui.

- Sério? Sentem aqui com a gente. – O olhei por um tempo e decidi aceitar. Me sentei ao lado dele e Ana, ao lado dos meninos.

- Como eu sou desastrada. – Ela falava, cínica.

- Quase me matou de susto! – Roberval disse e nós rimos.

Começamos a conversar e parecíamos amigos bem próximos, como se já nos conhecêssemos desde sempre, eles eram engraçados e falavam coisas sem nexo.

- Vou subir, boi. Cinco horas. – Rober olhou em seu relógio .

- Eu também vou. – Gutão disse.

- Podem ir, vou ficar um pouco. Sem sono. – Luan os respondeu.

- Está bem. Vocês vem, meninas?

- Eu vou, estou com sono. – Ana forçou um bocejo, estreitei os olhos e ela segurou o riso. – Mas você fica, Sá. Se não o Luan fica só.

- Hãn...

- Olha, nem perguntamos os nomes de vocês. – Rober disse e nós rimos.

- Verdade. Prazer, Ana! – Ela se apresentou.

- Sara. – Sorri.

- Lindo os nomes, agora eu vou mesmo. – Eles sorriram e acenaram, deixando eu e Luan a sós ali.

- Então... – Olhei para ele, que me encarava e sorri vermelha.

- (risos) Disse que tinha tantas coisas para me falar, pode começar, temos tempo. – Ele disse e eu sorri, por ter lembrando o que eu tinha o dito no camarim.

- Você lembra? – Fiz uma pergunta idiota.

- Também não sou tão tonto assim, não fazem nem três horas que conversamos lá.  – Corei e Luan riu. – Não quer falar?

- Quero. Já fiz tanta coisa pra te ver e nunca consegui, isso aqui é um sonho pra mim.

- Já fez muitas coisas?

- Muitas! Viajo muito atrás de você, mas nunca conseguia. Agora que não estou muito, último ano de faculdade. – Fiz careta e ele riu.

- Faz o que? – Deu um gole de sua bebida.

- Publicidade e markentig.

- Que legal, deve ser. – Ele riu de leve.

- É sim, já estou louca para trabalhar. Me esforço e por isso, não estou muito atrás de você por esses meses. Meu pai é bravo. – Fiz careta e ri.

- (risos) Sério? Mora com ele?

- Moro com os meus pais, eles são bem bravos e ciumentos. Quase que não venho hoje.

- Nossa! Filha única?

- Em cheio! Mas não sou mimada. – Rimos.

Conversamos por mais um pouco e eu contei um pouco de mim para ele, mas logo o pedi para que falasse mais dele e de sua carreira. No começou ficou um pouco tímido mas logo se soltou, fazia gestos e ria das coisas que se lembrava, me fazendo ri também e ficar mais fascinada ainda por seu sorriso iluminado.

- O que foi? – Ele me perguntou, parando de ri.

- Hãn...Nada.

- Está na lua? – Rimos.

- Não...  – O olhei e ele ficou sem jeito, desviou o seu olhar mas eu não desviei o meu. – Você...Teria coragem de fazer uma coisa que quer muito, mas tem medo? E mais medo ainda de nunca mais poder fazer essa coisa? – Não sei se tinha entendido, só sei que a coragem apareceu.

- Acho que eu faria, se nunca mais tivesse uma chance e se quisesse muito. – Ele deu de ombros. – Mais só se quisesse muito.

- Eu quero muito. – Me aproximei dele e ele me olhava ainda sem entender. Já dava para sentir sua respiração em meu rosto.

- Seus olhos...- Ele dizia baixo.

- O que tem? – Falei no mesmo tom.

- São...Lindos, verdes! – Sorri e em um ato rápido, grudei as mãos em seu cabelo e colei nossos lábios.