Capítulo 5

- Hãn...Mudar? – Olhei para Ana, que estava tão surpresa quanto eu.

- Isso ... E o mais importante...  – Minha mãe sorriu. – Vamos para Londrina.

- Londrina?

- É, a cidade do seu ídolo e melhor ainda. O meu cliente, que conseguimos ganhar a audiência, me vendeu sua casa lá no Royal Parque. – Meu pai disse.

- Royal ? O condomínio...

- O condomínio do Luan, não é ótimo? – Olhei para Ana, que me olhava assustada e suspirei.- O que foi? Não gostou?

- N-Não é isso, pai. Eu gostei.

- Então, vá arrumar suas coisas. Amanhã mesmo estamos indo.

- O que? E a formatura da Ana?

- Vamos vir, lógico. Mas já vamos nos mudar. – Subi com Ana, assim que acabamos de comer.

- Amiga, eu não quero ir. Te deixar... – Abracei ela.

- Eu também não quero que vá, mas se é melhor para o seu pai e para você...

- Pra mim?

- Você vai morar perto do Luan, isso não é ótimo?

- Eu não sei e se ele se lembrar de mim?

- Esquece isso, Sara. Eu já disse!

- Tudo bem. – Respirei fundo. – Você podia ir também.

- Não posso, já estou com um emprego aqui.  – Fiz cara triste, Ana iria trabalhar em uma empresa, fazia arquitetura.

- Eu vou sentir sua falta. – Abracei ela de novo e dessa vez não consegui e deixei que as lágrimas caíssem.

No outro dia, como o “combinado” mesmo, terminei de arrumar a minhas coisas e me despedi da minha amiga, que tinha dormido ali comigo, com lágrimas nos olhos. Foi difícil me separar dela, depois de tantos anos juntas, mas juramos nos ver pelo menos todo final de semana.

- Pai, por que estamos nos mudando mesmo? – O perguntei no carro.

- Porque é melhor para mim, Sara. Estou recebendo muitos convites lá e estou até com um sócio, talvez montaremos um escritório por lá.

- Uau! Não sabia...

- Pois é. Vou ver se arrumo um emprego pra você por lá, já que iria trabalhar aqui.

- Pois é.

- E não está feliz de morar perto do seu ídolo, filha? Aquele que é apaixonada há anos? – Minha mãe se virou para me olhar, suspirei.

- Tô sim... – Menti, na verdade eu estava um pouco feliz sim.

- Então! – Ela sorriu. – Agora esse amor platônico vai passar, você vai ver! É porque nunca conseguiu se aproximar dele.

- Pode ser. – Eu sabia que não iria passar, porque aquilo não era platônico e meus pais sempre acreditaram nisso. Eu nunca desmenti, meu pai iria pirar se soubesse que eu estava apaixonada por um cara que nem sabia direito que eu existia.

Chegamos em Londrina e fomos direto para o condomínio, meus olhos brilharam quando vi a placa com o nome na entrada, meu pai falou com o porteiro e sua entrada foi liberada, pelo que tinha entendido, já tinha ido ali antes. Parou em frente a uma casa linda, perfeita e descemos do carro, levamos as malas para dentro e fomos ver tudo.

- Que perfeito aqui... – Olhava para todos os lados.

- Sabia que gostaria. – Ele me abraçou de lado e me deu um beijo no rosto, sorri.

Minha mãe interfonou para o porteiro e pediu o endereço de um restaurante próximo e assim ele fez. Meu pai sempre ia ali, mas sempre a trabalho, então não conhecia nada.

Fomos para o restaurante, que era ótimo, quando voltamos para casa, liguei para Ana e ficamos conversando, já marcando o próximo final de semana para conhecer minha nova casa, contei para ela como tudo era lindo com empolgação, mas só faltava ela ali, claro.

Meu pai saiu no final da tarde e disse que iria para uma reunião, conversaria com um novo cliente e daria início a um processo, na verdade, o seu cliente que estava sendo processado, mas ele dizia que era causa ganha e confesso que amava quando ganhava uma, ficava muito feliz e eu também.

Me sentei na sala com minha mãe, e ficamos assistindo um pouco de tv. Resolvemos andar um pouco por ali e rodamos tudo, era enorme, maior que a nossa rua da outra cidade, minha mãe riu quando comentei isso. Paramos em uma padaria que tinha várias coisas na vitrine, fiquei com água na boca e acabamos comprando um monte de coisas, minha mãe não gostava muito de comprar, dizia ela que fazia mal comer muita “porcaria”, mas era só daquela vez.

Comemos, quando chegamos em casa e conversamos, realmente tudo era lindo e eu sentia que iria me adaptar fácil, falei com minha mãe também, que no próximo final de semana, Ana iria passar conosco.

Meu pai chegou e já estava escuro, subiu para tomar banho, falando que queria falar uma coisa importante comigo, fiquei curiosa. Fui para a cozinha ajudar a minha mãe a montar a mesa, que seria só um lanche, iria começar a trabalhar uma moça ali no outro dia e eu me assustei quando fiquei sabendo. Minha mãe sempre fazia tudo e meu pai nunca gostou de gastar com coisas “fúteis”, mas parecia mesmo que ele estava muito feliz com nossa mudança e as coisas que estavam acontecendo.

- Não vai parar de cozinhar, não é, mãe?

- Claro que não, filha. – Ela me respondeu rindo.

- Sabe que eu amo sua comida, dona Mariana.

- (risos) Sei sim, meu amor! – Meu pai chegou sorridente e se sentou. Nos sentamos a mesa também.

- Qual foi da empolgação, pai? – Perguntei a ele, que já comia.

- Filha, você não vai acreditar!

- O que foi? – O olhei.

- Arrumei um emprego pra você.

- Como, Vinícius? Nem me falou nada... – Minha mãe falou.

- Consegui hoje, querida.

- Sério, pai? Que ótimo! – Falei empolgada.

- E mais ainda.

- Ainda tem mais?

- Tem... Vai ser no escritório do seu ídolo, do Luan Santana. Vai começar como secretária, mas se verem que você é boa, e é muito boa... – Ele sorriu. – Vão subir seu cargo. – Fiquei sem palavras, enquanto meus pais sorriam.

- E-eu, não sei o que dizer. Obrigada, pai! – Me levantei e o abracei, apesar de tudo era um emprego que eu tanto queria. – Ma-mas...Como conseguiu? – Me sentei.

- Sabe o meu cliente? – Assenti com a cabeça. – Então...É o pai do Luan, o Amarildo, muito gente boa por sinal e disse que vai marcar um almoço para nós qualquer dia. Comentou hoje que estava com falta de gente boa lá e eu falei seu nome, claro.

- Nossa! Ele está sendo processado?

- O escritório do Luan, está sim. Mas é causa ganha, só porque o escritório passou uma informação errada, mas que levou uma conseqüência razoável, era importante. – Meu pai fez careta. – E filha, o Luan é bravo, em. Nunca vi um garoto tão novo e bravo assim, brigou com todos dali na minha frente ainda. – Ele riu, ri também.

- Pois é, nem parece...

- Mas enfim...O importante é que você tem um emprego e já começa amanhã.

- A-amanhã? – Gaguejei e arregalei os olhos.

- Isso e vai se preparando, de cara uma reunião com o patrão.

- Patrão?

- O Luan Santana, filha. – Ele riu. Respirei fundo. Podia ser besteira mais ainda estava com vergonha de tudo e com medo que o Luan me reconhecesse.