Capítulo 8

Comecei meu trabalho de verdade no outro dia, fui com uma roupa mas comportada, meu pai reparou e eu revirei os olhos. Dessa vez fui sozinha mesmo, com o carro da minha mãe, que já tinha chegado. Em breve compraria o meu, cidade pequena não usava muito carro, sempre ia a pé para coisas que era perto e longe, meu pai não deixava eu sair, pois é, com vinte e dois anos de vida, ele ainda não deixava eu fazer algumas coisas.

Falei com todos um pouco mais solta, Juliana disse que teria mais uma reunião sobre um clipe que Luan faria, estava curiosa mas não perguntei detalhes, nem falei que era fã, poderia me prejudicar.

Depois da reunião, ficou só Luan e seu empresário na sala, Juliana me pediu para que eu levasse alguns papeis até eles e assim eu fiz. Esbarrei com Ânderson na porta, que sorriu para mim, entrei na sala e olhei para o lado, só Luan olhava para seu celular entretido, fazia careta e eu ri sem som.

- É... – Falei sem jeito, ele me olhou.

- Oi. Pode deixar aqui pra mim? – Coloquei os papeis do seu lado. – Foi você que fez faculdade de publicidade? – Ele me perguntou, arrumando seu boné, de um jeitinho lindo.

- Foi sim, por que?

- Acho que essa vida de trazer papeis e ajudar, não é pra você. – Ele riu e eu também. – Vou resolver com o Ânderson, vamos fazer uma reunião e ver se tem boas idéias.

- Ah! Então...Dizem que eu tenho. – Respondi sem jeito, rimos.

- Deve ter, pra fazer essa faculdade e tal. Eu me lembro de você. – Ele emendou o assunto, arregalei os olhos assustada.

- Le-lembra? – Quase engasguei com a própria saliva.

- Lembro sim. Foi minha nega, não é? Estava no mesmo hotel que eu... Só não lembrava seu nome. – Sorri sem mostrar os dentes, então ele lembrava do “furo” que eu dei.

- É...Pensei que tinha se esquecido. Mas que fique claro, minha relação de fã não tem nada haver com esse trabalho. – Me expliquei rápido.

- Claro ... Que isso! Não pensei isso, você parece ser bem calma.

- Sou...  – Ficamos nos encarando por um tempo, até seu empresário entrar novamente na sala.

- Então, Ânderson... Estava conversando com a Sara e queria marcar uma reunião, pra ver as idéias dela e tal. – Ele se virou para seu empresário.

- Ah...Claro que sim! Ótima, idéia.

- Vamos ver isso, então?

- Vamos ver...Claro! – Sorri para eles.

- Obrigada de novo e eu já vou indo, qualquer coisa estou na recepção com a Juliana. – Eles assentiram com a cabeça e eu me retirei da sala.

Estava vibrando de felicidade por dentro, nunca imaginei isso na minha vida.

As últimas horas no trabalho, foi normal, falei com Luan apenas o necessário e estava mais aliviada, se ele se lembrou do que aconteceu, deveria está disposto a esquecer.

Comi só uma fruta quando cheguei em casa e fui direto para academia, decidi que iria a pé mesmo, todos os dias. Era mais um exercício.

Cumprimentei a moça da recepção, que sorriu, me reconhecendo e entrei. Um personal já estava ali, só tinha três meninas. Ele se aproximou e se apresentou para mim, começou a me ajudar com o alongamento.

Vi de longe, Bruna entrando com sua amiga e a risada das duas, confesso que já tinha me esquecido dela, depois de um dia longo. Comecei pela esteira, ela se sentou em um banco que tinha do lado, já reclamava antes mesmo de começar.

- Preguiça! – Ela fazia bico, enquanto Ana já se alongava e ria.

- Mas já, Bruninha? O que é isso, vamos levantar. – O personal se aproximava dela e a puxava pela mão.

- Oi, Sara. Está animada! – Sorri, quando ouvi meu nome.

- Oi, Bruna. Estou um pouco, porque comecei hoje. – Fiz careta e ela riu.

- É sempre assim, eu falto mais que venho.

- (risos) Espero não começar a faltar também, se não, nem venho mais.

- Que papo é esse, moças? Podem parar. – Eduardo, o personal, batia palmas nos olhando e nós rimos.

As pessoas que já estavam ali foram embora e só ficou, eu, Bruna e Ana, conversamos tanto, que acho que fizemos mais exercícios que o certo. Contei para ela de onde tinha vindo, que faculdade tinha feito e ela me contava seus planos para o futuro.

Saímos da academia, já estava escuro, vi que também não tinham ido de carro.

- Não vieram de carro também?

- Não, temos que caminhar. – Ana respondeu, enquanto Bruna fazia careta.

- (risos) Entendo, eu também penso assim, estou a pé. – Voltamos a conversar, enquanto caminhávamos. – Eu entro aqui, meninas. – Parei em frente a minha rua.

- Não é muito longe. A casa da Ana é na próxima rua e a minha, na próxima depois da dela. – Rimos.  – Vamos marcar alguma coisa qualquer dia.

- Vamos sim, minha amiga Ana também, vem pra cá na sexta.

- Ótimo! Vamos ver o que faremos. – Nos despedimos com um abraço e eu segui para minha casa. Estava vivendo um sonho, essa era a palavra certa. Sonho.