Capítulo 4

Luan me soltou dele, assim que minha língua entrou em sua boca e eu me assustei, ele me olhou por um tempo e se levantou.

- E-Eu...Já vou.

- Luan...

- Tchau. – Me levantei e corri até o elevador, segurei a porta antes que fechasse.

- Me desculpa? Eu pensei que...Você queria.

- Não faz mais isso, tudo bem? Eu tenho namorada.

- Nossa! Me desculpa, eu esqueci disso.

- Tudo bem.

- Me perdoa? Não fica bravo comigo. – Quase implorei.

- Tudo bem. – Ele repetiu sua fala e sorriu pra mim. 

O abracei já com os olhos marejados, me despedi dele assim que a porta do elevador se abriu e fui para o meu quarto, morrendo de vergonha.

- E ai, amiga? Que cara é essa? – Ana me perguntava, olhei para ela, que percebeu meus olhos com lágrimas.

- E-eu...

- Você?

- Eu beijei ele.

- Sério? – Ela sorriu, mas se sorriso se desfez quando viu meu rosto. – Isso não é bom?

- Não, quando ele se afastou de mim e disse que tinha namorada e que não era pra eu fazer mais aquilo.

- Ah...É verdade...Namorada!

- Eu me esqueci, eu juro.

- Eu também, esqueci. Mas não liga pra isso. – Nos sentamos na cama e ela colocou minha cabeça em seu colo.

- Eu estou morrendo de vergonha. – Disse com a voz embargada pelo choro. – Pelo menos ele me perdoou e também, eu nunca mais vou o ver mesmo.

- Não fala isso, amiga. Você ainda vai ver ele muito, se ele te desculpou está ótimo. Vamos esquecer isso!

- Duvido que ele vai esquecer. – Me levantei em seu colo. – Vai me tratar diferente, agora.

- Não vai! Vamos dormir. – Ana me arrastou mais para cima e eu só tirei meu sapato, nos deitamos e eu fui dormir com a consciência pesada. 

Por incrível que pareça, não por ele ter uma namorada, mas sim por ter passado a vergonha, dele me afastar e sair de perto de mim. Poderia estar pesando que nem fã eu era, as pessoas já achavam que eu não era mesmo, e eu não me importava com isso, mas o meu próprio ídolo pensar isso, eu não agüentaria.

Acordamos no outro dia e Ana não tocou mais naquele assunto, tomamos nosso café da manhã e descemos com as malas, voltaríamos para casa. Encontramos algumas pessoas da produção e nos despedimos deles, tiramos fotos também. Dei graças a Deus, que Luan dormia até muito tarde e não estava ali, não agüentaria olhar em seu rosto.

Fomos para casa escutando música e vez ou outra, Ana tentava me animar, contando algo engraçado, eu ria de leve, mas ainda estava com a cabeça longe.

Chegamos em casa e meus pais já nos esperavam, contavam as horas, nos sentamos e conversamos um pouco com eles, mostramos as fotos e eu contei que tinha conseguido ver o Luan e dançar com ele no palco. Falei que estava cansada depois de um tempo e subi para o meu quarto, me joguei na cama, com as mãos no rosto e escutei passos no corredor, logo depois bateram na porta do meu quarto, que não estava trancada.

- Amiga! – Senti a cama afundando do meu lado. – Não fica assim, vamos esquecer isso? – Ela tirou meus braços do rosto. – Por favor, vai? Eu odeio te ver assim. – Sorri para ela e me sentei, a abracei com toda força.

- Obrigada, amiga. Eu vou esquecer isso !

- É assim que se fala. – A olhei sorrindo. - Afinal, esse Luan Santana é um bobo mesmo. Você é muito mais linda que a namorada dele.- Ri de sua fala e neguei com a cabeça.

Ficamos em meu quarto e assistimos um filme, minha mãe nos levou bolo e suco também, que tinha preparado. Conversamos mais um pouco e no final da tarde, Ana foi embora.

Assim se passou o resto da semana, procurei esquecer o que tinha acontecido e não foi por querer, mas automaticamente, eu me desliguei um pouco do Luan, ou muito. Entrava nas redes sociais ainda, mas só postava fotos minhas, a última coisa que postei dele foi a nossa foto do camarim e em cima do palco. Algumas meninas diziam que eu não era fã e na primeira oportunidade que tive de o abraçar, já o abandonei. Mas eu sabia que aquilo não era verdade, eu era e muito fã, mas me sentia desconfortável com tudo que tinha acontecido.

( ... )

As semanas se passaram e o dia da minha formatura chegou, estava feliz e muito ansiosa. Meu pai estava dizendo a semana inteira que teria uma surpresa para me contar, mas só contaria depois da formatura, minha mãe já sabia e a minha ansiedade batia.

Passei o dia todo fazendo compras com Ana e no final da tarde, encontramos com minha mãe em um salão de beleza, que estava lotado. Clareei mais ainda os meus cabelos, que já são loiros de nascença, minha mãe e Ana, apenas fizeram uma escova.

Voltamos para casa já no final da tarde, tomei um banho rápido e Ana foi para o outro banheiro, dormiria ali comigo.

- Que linda ! – Disse assim que a vi entrar no quarto, ainda me arrumava.

- Você que está. – Ela sorriu. – Está ansiosa?

- Muito! – Rimos.

- Eu também estou por você e vou ficar mais ainda semana que vem.

- Verdade, é a sua!

- Já vamos trabalhar, amiga. Também, já passou da hora.

- Estamos velhas, não é? – Fiz careta e ela riu assentindo.

Acabei de colocar os acessórios e descemos as escadas :

- Que linda, filha! – Dizia meu pai. 

Os abracei e logo fomos para o carro.

Chegamos na igreja e primeiro teve toda a cerimônia, seguimos para o salão que seria a festa, logo depois. 

Comemos, dançamos e bebemos muito, vez ou outra eu me sentava com os meus pais que não paravam de elogiar a festa e toda a cerimônia. Foram embora depois de um tempo, estavam cansados, eu e Ana ficamos mais um pouco e depois fomos de carona com o Marcelo, um amigo que se formou junto comigo.

Acordamos no outro já na hora do almoço e já descemos, o cheiro estava ótimo, nos sentamos à mesa e logo meu pai chegou para almoçar também.

- Temos que te falar uma coisa, filha. – Ele disse e eu o olhei, prestando a atenção.

- O que foi, gente?

- Vamos nos mudar.